Basset Hound na visão dos especialistas

Entrevista Luciana Bampi
Publicada na Revista Cães & Cia, Ed. nº 316, Setembro/2005
CRIADORA DE SUCESSO

Foto: Edmilson Reis
Enfermeira de profissão, Luciana Bampi dirige ao lado do marido, Leonir, um dos canis de Basset Hound que mais se destacam no Brasil, o Lake Park, de Brasília. Embora fundado há apenas seis anos, o Lake Park já é referência da raça em solo nacional. Por duas vezes consecutivas, em 2003 e 2004, consagrou-se o canil número 1 de Basset Hounds pelo ranking da Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC). Também é dele o 2o melhor Basset Hound do País, a fêmea Amanda. Acompanhe a longa entrevista que Luciana concedeu à Cães & Cia.




NO BRASIL


Cães & Cia -- A criação nacional de Basset Hound tem diminuído. Em 2000 houve 1.998 exemplares nascidos e registrados pela CBKC, quando a raça ocupava a 14a posição no ranking de nascimentos de todas as raças. Em 2004, esse número caiu para 1.036 exemplares, levando o Basset Hound para a 22a colocação. Qual a causa do declínio?
Luciana -- O Basset Hound nunca foi muito popular no Brasil. Sempre existiram seus admiradores, mas nunca ocorreu uma explosão de registros. Atribuo a queda atual ao desligamento de alguns criadores interessados somente no comércio de exemplares e não ao aprimoramento da raça. Nosso plantel ganha com isso. Ficará ainda mais selecionado.

Cães & Cia -- No Brasil o Basset Hound é utilizado em sua função de origem, a caça de lebres e coelhos?
Luciana -- Não que eu saiba. Aqui ele é adotado exclusivamente para a companhia.

Cães & Cia -- O que a senhora não deixa de dizer para os interessados em comprar um Basset Hound?
Luciana -- Sempre os alerto sobre a característica da raça de não gostar da solidão. Se a família passa o dia todo fora e deixa seu Basset Hound sozinho, ele sofre e demonstra isso com latidos.


TEMPERAMENTO

Cães & Cia -- Quais os pontos altos do temperamento da raça?
Luciana -- A docilidade e a tranqüilidade. Na minha opinião, o Basset Hound é o animal de estimação mais dócil que pode existir. É tolerante até mesmo com crianças que o tratam de maneira inadequada. Em situações extremas, o máximo que faz é se esconder.

Foto: Edimilson Reis - Temperamento: O Basset Hound é pura docilidade.Cães & Cia -- E o que pode ser considerado inconveniente?
Luciana -- Por ser preguiçoso e adorar dormir, o Basset pode passar a idéia de que gosta de ficar sozinho. Mas ele detesta solidão. São raros os casos de exemplares que ficam um dia inteiro sozinhos sem aprontar um escândalo, com latidos e uivos. Isso pode ser encarado como inconveniente. O lar ideal para este cão é aquele onde há companhia permanente, mesmo que seja de outros animais.

Cães & Cia -- Há estudos, como o publicado no livro The Perfect Puppy, de Lynette e Benjamin Hart, que indicam que nenhum raça canina supera o Basset Hound nos quesitos baixa atividade e baixa excitabilidade. A senhora concorda?
Luciana -- Os Basset Hounds são realmente sossegados. Dormem a maior parte do dia e não se agitam facilmente por qualquer motivo. Mas também têm seus momentos de entusiasmo. Gostam de correr e brincar, mas não por muito tempo.

Cães & Cia -- Esse espírito tranqüilo se reflete no hábito de latir?
Luciana -- De certa forma, sim. Eles não latem muito. Manifestam-se com dois ou três latidos quando os donos chegam em casa ou para solicitar alguma coisa, como comida. Os Bassets só latem demais quando deixados sozinhos.

Cães & Cia -- O Basset Hound convive bem com outros cães e animais?
Luciana -- Ele é muito pacífico. Mesmo os machos costumam se aceitar bem. Embora eu não tenha outros animais, todos os casos que conheço de Bassets vivendo com gatos são bem-sucedidos.

Cães & Cia -- E como ele se relaciona com as pessoas da família?
Luciana -- O Basset Hound se dá bem com todo mundo e tende a escolher um dono principal, a quem costuma seguir pela casa. Mas não é de ficar lambendo as pessoas nem exigindo afeto. Não faz o estilo carente.

Cães & Cia -- A raça é sociável com desconhecidos?
Luciana -- O Basset já se dirige às pessoas abanando o rabo. Talvez não as festeje com pulos logo de imediato, mas se deixa acariciar e sempre demonstra simpatia. E, caso lhe dêem bola, aí fica festeiro.

Cães & Cia -- O Basset Hound é conhecido pelo temperamento teimoso. Embora seja esperto, gosta de se fazer de surdo quando lhe é conveniente. É uma boa idéia matriculá-lo num curso de obediência básica?
Luciana -- A teimosia da raça deve ser encarada como um de seus charmes. Quem quiser um cão muito obediente não deve ter um Basset Hound. Ele realmente não é muito disposto a aceitar comandos. Um curso de obediência talvez ajude, mas não vai mudar a natureza dele. Até conheço exemplares adestrados que se tornaram incrivelmente obedientes, mas são exceções. Na minha opinião, o Basset Hound não combina muito com aula de adestramento. Cabe ao proprietário mostrar a ele quem é o chefe. Estabelecida essa relação, haverá uma boa convivência. Às vezes o Basset testará sua liderança, fingindo-se de surdo ou de esquecido. Faz parte do convívio com a raça.

Cães & Cia -- A raça é adequada para a prática de esportes?
Luciana -- O Basset Hound é um cão de considerável substância e foi desenvolvido para a caça, o que exige longas caminhadas. Considero-o um andarilho de primeira. Mas não o recomendaria para corridas ou exercícios de salto, atividades difíceis para ele por causa de sua anatomia.

Cães & Cia -- Quais raças competem diretamente com o Basset Hound e quais os prós e contras dele em relação a elas?
Luciana -- A raça que mais compete com o Basset Hound é o Beagle. Muitos me procuram com dúvida sobre qual dos dois adquirir. Não acho que se trate de prós e contras mas, sim, de características próprias de cada um. Quem quer um cão mais ativo deve optar pelo Beagle. Já quem prefere um de estilo mais pacato deve escolher o Basset.


CUIDADOS DE ROTINA

Cães & Cia -- De quais cuidados a raça precisa?
Luciana -- Os principais são em relação aos ouvidos e aos olhos. Em razão das pálpebras caídas, os olhos do Basset tendem a ter maior contato com substâncias que os agridem, como poeira e pólen. Isso acaba gerando secreção e às vezes até conjuntivites. É importante limpar diariamente a região ao redor dos olhos com algodão embebido em água filtrada ou em soro fisiológico. Já as orelhas longas e pendentes abafam os canais auditivos, tornando-o propensos a inflamações locais. Mais uma vez, a limpeza periódica, neste caso semanal, ajuda a prevenir o problema.

Foto: Edimilson Reis - Cães & Cia -- O longo comprimento das orelhas não as deixa mais vulneráveis a machucados e outros problemas?
Luciana -- A maioria das pessoas as consideram o grande charme da raça. Não vejo inconvenientes nelas, embora às vezes sejam mergulhadas na vasilha de água ou de comida, exigindo uma limpeza superficial. Os filhotes também podem tropeçar nelas, mas nunca vi casos em que chegaram a se machucar por isso. Há quem recorra aos prendedores de orelhas, uma espécie de touca que as segura e protege, para evitar que sejam molhadas ou sujas durante as refeições. Mas os Bassets geralmente se incomodam com o acessório, por isso não os recomendo.


Cães & Cia -- A pele solta requer algum cuidado específico?
Luciana -- O maior inimigo da pele do Basset é a umidade. Se ficar em contato com ela, pode desenvolver dermatites e mau cheiro. É preciso secá-lo bem após o banho e mantê-lo em locais limpos e secos.

Cães & Cia -- Embora o odor varie de exemplar para exemplar, a raça é caracterizada, como um todo, por um cheiro relativamente forte. O que se pode fazer para minimizá-lo?
Luciana -- Alguns Bassets realmente têm odor forte. Em outros, isso é menos perceptível. Acho que as causas principais do cheiro mais forte são falta de banho e secagem malfeita. Ouvidos com excesso de cera também contribuem para isso. Outra possibilidade é o estresse. Bassets que ficam sozinhos por períodos prolongados se estressam, o que pode gerar um aumento de produção nas glândulas sebáceas e, conseqüentemente, intensificar o odor. A fórmula para diminuir o problema do cheiro são banhos regulares, a cada dez ou quinze dias; secagem adequada; ouvidos limpos e uma rotina não estressante. Também é importante usar xampus de pH neutro, que não agridem a pele do cão.


Foto: Edimilson Reis - Cães & Cia -- Pernas curtas e corpo longo significam maior propensão a problemas de coluna. Como evitá-los?
Luciana -- Na minha opinião, este é um caso em que o mito superou a realidade. A idéia estabelecidade de que a raça, em função de sua anatomia, é particularmente sujeita a problemas na coluna tem lógica, mas não é confirmada por uma grande incidência desse mal. De qualquer forma, recomendamos alguns cuidados, como carregar o Basset sustentando-o por debaixo do corpo, em vez de pelas pernas dianteiras, e evitar que pratique saltos, corridas ou movimentos que sobrecarregam as costas, a exemplo de subir e descer escadas. Isso vale para a vida toda do cão, mas especialmente para a fase de crescimento, quando a estrutura óssea e muscular está se fortalecendo.


Cães & Cia -- Por ter pelagem curta, as escovações podem ser dispensadas?
Luciana -- Até podem. Mas duas escovações semanais deixam a pelagem mais bonita e sem pêlos mortos. Na muda, a queda de fios se intensifica. Pelo menos nessa fase, é aconselhável escová-lo regularmente.


SAÚDE

Foto: Edimilson Reis - Caminhadas: Luciana e o marido, Leonir, exercitam os cães.Cães & Cia -- Há algumas doenças às quais o Basset Hound é particularmente sujeito. São elas: dermatite, displasia coxofemoral, catarata, doença de Von Willebrand, entrópio, ectrópio, epilepsia, hérnia de disco, hipotireoidismo, linfossarcoma, pan-osteíte, sarna demodécica e torção gástrica. O que a criação faz para combatê-las?
Luciana --  No geral, o Basset Hound é saudável. São raros os exemplares que apresentam doenças. Talvez por isso poucos criadores façam exames preventivos para evitá-las. No meu canil, faço um check-up semestral ou anual em todos os cães, submetendo-os a exames rotineiros, como hemograma, provas de função renal e hepática, teste de urina e de fezes. Caso os resultados apontem anormalidades, aí partimos para uma pesquisa mais detalhada. Todo bom criador afasta da reprodução exemplares com problemas hereditários. O comprador deve comprar seu cão desses criadores. Uma dica para localizá-los é consultar o ranking de criadores da CBKC ou procurar o Kennel Clube local.

Cães & Cia -- Entre as doenças citadas, quais incidem mais no plantel nacional da raça?
Luciana -- A dermatite, que é causada por falta de manejo adequado, como não secar o cão direito após o banho.

Cães & Cia -- Depois da dermatite, quais as mais comuns?
Luciana -- Acho que a catarata e o entrópio. A catarata é um mal hereditário ou adquirido, no qual o cristalino do olho se torna opaco e pode levar o cão à cegueira. O entrópio, por sua vez, é a inversão das pálpebras, fazendo com que os cílios entrem em contato com o olho e irritem a região. No Basset Hound o mais comum é a inversão da pálpebra superior, causada pela pressão da pele solta na cabeça. O tratamento é feito à base de lubrificantes oculares e antibióticos e, em casos mais graves, com cirurgia. Também tenho visto alguns casos de ectrópio, que é a excessiva queda da pálpebra inferior, tornando o cão mais sujeito a inflamações locais. Exemplares com qualquer desses problemas devem ser afastados da procriação.

Cães & Cia -- Os dados da entidade norte-americana Orthopedic Foundation for Animals (OFA) indicam que a raça é a 11a mais afetada pela displasia coxofemoral. De 149 exemplares testados, 35,64% apresentaram o problema. A criação nacional submete os exemplares ao exame de raio-X que permite a detecção precoce do mal e, portanto, o afastamento deles da reprodução?
Luciana -- Não. E o motivo pelo qual não fazemos o exame é que a displasia não é comum na criação nacional de Basset Hound. Também questiono os dados da OFA. Os cães avaliados geralmente chegaram à entidade por apresentar algum sintoma, o que configura uma amostra viciada.

Na visão da criadora, os Melhores Basset Hounds de Todos os Tempos
     
 

"Vários exemplares tiveram incrível destaque na raça, mas o campeão inglês Bassbarr O'Sullivan fez uma carreira espetacular, vencendo 31 Grupos e 9 Best in Shows. Um desses Best in Shows foi numa exposição com 22 mil cães participantes. Ele foi o melhor exemplar entre todas raças do Reino Unido em 1993 e o segundo melhor em 1994 e 1995. Também obteve, na Inglaterra, o título 'Top Basset Hound de todos os tempos'.
 

Já no Brasil, o melhor Basset Hound da história é o Big Long Blue's Christóvão, Grande Campeão Brasileiro, Campeão Pan-Americano, Campeão Internacional, Campeão Américas & Caribe e Melhor Basset Hound do Brasil pelo ranking CBKC de 2001, 2002 e 2003. Ele sobressai pela excelente movimentação, estrutura e tipicidade" LUCIANA

 

Basset Hounds de destaque da criadora    
     
Lake Park Amanda "Tem os títulos de Grande Campeã Brasileira, Grande Campeã Pan-Americana e Campeã Internacional. Também é a única fêmea da raça a conquistar o título de Grande Vencedora Nacional. Coleciona em seu currículo 8 Best in Shows, 12 reservas de Best in Show e muitas outras classificações em finais de exposição, além de ter vencido 58 vezes o Sexto Grupo e 69 vezes a disputa de Melhor da Raça. Apresenta um conjunto maravilhoso, com destaque para a cabeça e os anteriores."
   
     
Lake Park Collen "Tem os títulos de Campeão Colombiano, Grande Campeão Brasileiro, Grande Campeão Pan-Americano e Campeão Internacional. Venceu uma exposição especializada da raça aos 10 meses de idade. Conquistou diversas classificações entre os melhores da exposição. Atualmente faz campanha na Colômbia, onde é o melhor Basset Hound e o melhor cão do sexto grupo. É um Basset com grande atitude nas pistas. Tem excelentes movimentação, linha superior e posteriores."
   
     
Scheel's Love in the First Degree "Esta campeã dinamarquesa e campeã brasileira chegou ao Brasil em 2004 vinda do famoso canil Scheel's Bassets, da Dinamarca. Tem estrutura muito forte e belíssimo conjunto harmônico, herdados da famosa linha de sangue do extinto canil americano Tal-E-Ho's."
   

QUALIDADE

Cães & Cia -- Quais os pontos fortes e fracos do plantel brasileiro?
Luciana -- Os fortes são as linhas harmoniosas e bem definidas e a fluência na movimentação. Já os fracos são dianteiros e traseiros mal emparelhados, ausência de esterno proeminente, ossatura leve e cabeça pequena.


Cães & Cia -- A senhora está satisfeita com a qualidade da criação nacional?
Luciana -- De forma geral, estou. Os criadores sérios estão empenhados em melhorar a raça. Há gente importando cães de boas linhas de sangue e produzindo exemplares de ponta. No ranking anual da CBKC de 2000 a 2002, há Basset Hounds entre os dez melhores cães do País. Também é comum vermos exemplares da raça se classificando entre os melhores da exposição. Tudo isso comprova que a raça vai bem no Brasil.

Cães & Cia -- Qual o grande problema da raça no Brasil e no mundo?
Luciana -- A ausência de um controle efetivo da qualidade do plantel. Algumas raças, em certos países, só podem ter seus exemplares acasalados caso sejam previamente aprovados em exames de saúde, de temperamento e de estrutura. Esse tipo de controle de qualidade é excelente. Todos se beneficiam dele: as raças, os criadores, os donos particulares. Mas isso simplesmente não é feito na criação de Basset Hound. Fica a critério de cada criador selecionar quais exemplares serão ou não acasalados, sem obrigatoriedade de avaliá-los em nenhum quesito.

Cães & Cia -- As cores aceitas para o Basset Hound são às comuns aos hounds. Na prática, as que aparecem são cães bicolores (limão com branco, laranja com branco ou chocolate com branco) e tricolores (branco, castanho e preto). Há alguma orientação quanto a acasalamento entre exemplares de cores diferentes?
Luciana -- Não há regras, mas se deve evitar acasalamentos sucessivos entre bicolores, porque acaba gerando filhotes "desbotados" e com excesso de branco, o que não é desejável

 

Entrevista Michael Errey
VETERANO DA TERRA NATAL DA RAÇA



Por 30 anos, o britânico Michael Errey, de East Sussex, se dedicou à criação de Basset Hounds. Hoje permanece como juiz cinófilo e diretor do principal clube mundial da raça, o The Basset Hound Club, do Reino Unido. A entidade, em conjunto com o órgão máximo da cinofilia da Grã-Bretanha, o The Kennel Club, é responsável pelo padrão oficial do Basset Hound adotado pela Federação Cinológica Internacional FCI) e por seus países filiados. Caso do Brasil. Veja o que Errey disse à Cães & Cia sobre a raça.





ORIGEM E USOS


Cães & Cia - Quando e como surgiram as pernas curtas da raça?
Errey - Não sabemos exatamente. Existem registros de muitos séculos mostrando cães com pernas curtas. Em algum momento eles nasceram e passaram a ser selecionados.

Cães & Cia - No Reino Unido a raça é usada na caça?
Errey - Sim. O Basset Hound é um dos melhores cães de faro. É usado para caçar lebres, trabalhando em matilhas de seis a doze casais.

Cães & Cia - Além da caça, a raça é adotada para outras atividades nas quais o olfato apurado seja necessário, como farejar drogas e encontrar desaparecidos?
Errey - Não que eu saiba. Uma vez eu usei um de meus exemplares para encontrar outro que havia se perdido. Deu certo. Ele encontrou o colega desaparecido.


SITUAÇÃO

NA OPINIÃO DO DIRETOR, O MELHOR BASSET HOUND DE TODOS OS TEMPOS


 
 

Witchacre Stroller "Em 1991 julguei este exemplar e dei a ele o prêmio de melhor da raça. No fim do evento, outro juiz o consagrou o Melhor da Exposição. Ele tinha a estrutura, a cabeça, a pelagem e a movimentação que sempre sonhei ver num Basset Hound. Em 1994, tornou·se o Top Basset do ano. Em 1995, foi o melhor da raça na Crufts. Era um showdog magnífico. Nunca cometeu erros nas pistas. Fico orgulhoso de fazer parte do sucesso dele."
 

Cães & Cia - O Basset Hound tem mantido sua popularidade estável no Reino Unido. Desde 2002, é o 42° cão do ranking de nascimentos de todas as raças. A que o senhor atribui essa estabilidade?
Errey - O Basset Hound tem um estilo peculiar. Não é o tipo de cão que se enquadra no perfil da maioria. Considerando-se isso, acho que a 42ª colocação é excelente, e a estabilidade vem da parcela da população que realmente se identifica com ele. Há 30 anos, a raça chegou a entrar para o grupo dos 20 cães mais registrados, devido a anúncios do Hush Puppy, famosa marca de sapatos. Ainda bem que isso foi revertido. Popularidade em excesso traz problemas.

Cães & Cia - No Reino Unido há exigências para o acasalamento com direito a gerar filhotes com pedigree?
Errey - Somente que pai e mãe da ninhada tenham pedigree.

Cães & Cia - Há muitos desvios de comportamento na raça?
Errey - Não. O plantel está muito preservado.

Cães & Cia - Quais as doenças típicas da raça que mais preocupam a criação britânica?
Errey - Nosso plantei está relativamente afastado de problemas de saúde. De qualquer forma, os principais a serem combatidos são os de pele, os de olhos, a torção gástrica e a epilepsia.

Cães & Cia - Como a criação os combate?
Errey - Quanto à epilepsia, os bons criadores afastam os portadores da procriação. Já os outros problemas são evitados com manejo adequado.

Cães & Cia - Quais as dicas para evitar a torção?
Errey - Fracionar a porção diária de alimento, não exagerar nas doses e não exercitar o cão após as refeições.

Cães & Cia - Qual a maior virtude da raça?
Errey - O temperamento. É um cão dócil e sossegado. Mas, como é um pouco teimoso, precisa de normas claras, passadas com firmeza e gentileza.

 

CÃO DE DESTAQUE DE MICHAEL ERREY  
Stormfield Russet of Merreybeech "Esta fêmea foi um dos meus melhores Bassets. Nasceu em 1975. O principal atributo de Russet era sua personalidade extremamente amigável, o que até dificultava apresentá-la nas pistas. Ela queria agrados no meio da apresentação, inclusive do juiz. Sua movimentação era perfeita, assim como seus membros anteriores e posteriores. A linha superior, a caixa torácica e a inserção de cauda também eram muito boas."
 

PARA SABER MAIS

Clube: Reino Unido - The Basset Hound Club. Site: www.bassethoundclub.co.uk

Livro: 1) The Basset Hound, de Marianne R. Nixon, da H.H. Publicatíons. À venda pelo www.amazon.com

Agradecemos aos entrevistados. Reportagem: Rachel Rothier. Coordenação de imagem: Angela Finocchiaro. Coordenação geral e Texto: Flávia Soares. Revisão técnica (intermediada por Fabio Bense): feita pelos entrevistados.

 

 

Entrevista publicada na Revista Cães & Cia, Ed. nº 316, Setembro/2005 (www.caes-e-cia.com.br).

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